Por: Felipe Maia Lo Sardo
Os dois anos de convivência com a pandemia do coronavírus tiveram um impacto significativo na forma como vários setores da sociedade funcionam. De fato, uma pesquisa realizada pela Emerging Multinationals Research Network (EMRN) revelou que o período de restrições de circulação e a concentração de serviços online aceleraram o processo de digitalização das empresas em quase 10 anos.
Nesse contexto, o setor de food service também teve que se adaptar. Com a impossibilidade de atender os clientes pessoalmente, os estabelecimentos precisaram se reinventar, adotando estratégias multicanais de atendimento e operação, utilizando várias plataformas para se comunicar com os clientes. Essas medidas permitiram que os restaurantes continuassem funcionando durante a fase mais intensa da crise sanitária.
A digitalização se mostrou fundamental para melhorar a qualidade do atendimento ao cliente, proporcionando maior agilidade, controle e padronização dos processos. Na verdade, a gestão digital tornou-se crucial para o sucesso dos empreendimentos, especialmente diante do contexto atual. Isso pode ser comprovado pelos números.
De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SP), enquanto 12 mil estabelecimentos fecharam suas portas na cidade de São Paulo durante a crise sanitária, o número de restaurantes cadastrados em aplicativos de entrega aumentou em 78% no mesmo período.
Melhorias e vantagens
No entanto, apesar da importância da implementação de uma gestão digital evidenciada pelos números, muitos estabelecimentos ainda têm receio de adotar essa possibilidade, principalmente por acreditar que isso acarretará em custos adicionais. No entanto, a realidade mostra que o resultado é justamente o contrário.
Uma das mudanças mais significativas proporcionadas pela digitalização é a melhoria efetiva dos processos nos estabelecimentos. Isso resulta em menor dependência de uma grande equipe para a operação, permitindo que os profissionais se dediquem diretamente a atividades essenciais, como limpeza, atendimento aos clientes, preparo de alimentos, embalagens, entre outras.
Além disso, a digitalização reduz os processos manuais, minimizando a desorganização e os erros no estabelecimento. Isso resulta em uma significativa diminuição de desperdícios, retrabalho e na padronização dos processos gerenciais.
Todos esses fatores não apenas melhoram o atendimento, mas também proporcionam uma experiência mais satisfatória aos clientes. Portanto, espera-se que isso não apenas mantenha os clientes existentes, mas também atraia novos, aumentando assim a receita e a lucratividade do local.
Por onde começar
Diante de todos esses benefícios, é difícil imaginar um estabelecimento, independentemente do tipo ou tamanho, operando de forma satisfatória sem acompanhar o avanço tecnológico disponível por meio da digitalização.
O primeiro passo recomendado para os restaurantes que desejam iniciar o processo de digitalização é ampliar os modelos de atendimento, por exemplo, oferecendo serviços de entrega. Nesse sentido, digitalizar o cardápio e utilizar soluções digitais e redes sociais para divulgar as opções oferecidas é uma ótima opção.
Além disso, é importante identificar quais processos manuais podem ser substituídos imediatamente por automação ou tecnologia.
Por fim, mas não menos importante, é essencial ter em mente que o cliente sempre deve ser a prioridade. Todo o trabalho realizado em direção à digitalização deve refletir em melhorias para eles. Portanto, é fundamental acompanhar de perto o serviço prestado e fornecer treinamento adequado aos funcionários, para que atendam às expectativas dos clientes. Embora a digitalização seja essencial para qualquer marca de food service, ela nunca deve ser a principal vertente do negócio. A comida e o atendimento ainda são aspectos fundamentais nessa equação.
Felipe Maia Lo Sardo é CEO da Goomer, startup que oferece soluções digitais para bares e restaurantes.
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