Por: Júlia Paiva

O milho, queridinho das festas juninas e julinas e considerado um dos cereais mais nutritivos do mundo, é um alimento versátil amplamente utilizado tanto na alimentação humana quanto na ração animal. Além disso, ele se destaca pela abundância de fontes nutricionais presentes em sua composição, como carboidratos, proteínas, complexo de vitaminas B e minerais.

Na cozinha brasileira, as pessoas utilizam amplamente o milho como matéria-prima para diversos pratos, como cuscuz, mingau, pamonhas e polenta. Além do mais, desempenha um papel importante na indústria, sendo utilizado na fabricação de amido, azeite, biscoitos, pães, maionese, bebidas e combustíveis. Nos últimos cinco anos, pesquisadores descobriram novos componentes funcionais na composição do milho, revelando assim a relevância do grão para a dieta humana. E também sua capacidade de atuar na prevenção de doenças cardiovasculares e degenerativas, incluindo certos tipos de câncer.

Benefícios à saúde

Como uma cultura fundamental em todo o mundo, o milho possui grande relevância econômica e é uma importante fonte de alimentação humana. Além de ser altamente energético, o milho é rico em vitaminas A e do complexo B, proteínas, gorduras, carboidratos, cálcio, ferro, fósforo e amido. As cascas dos grãos são particularmente ricas em fibras.

Além disso, o consumo de milho traz diversos benefícios à saúde. Isso se justifica principalmente devido ao fato de que, ao contrário do arroz e do trigo, o milho mantém sua casca. Essa casca é uma rica fonte de fibras, que desempenham um papel crucial na manutenção do ritmo intestinal. As fibras são de origem vegetal e resistem à digestão e absorção no intestino delgado humano, fermentando parcial ou completamente no intestino grosso, oferecendo benefícios em várias funções do corpo.

O óleo de milho contém ácidos graxos insaturados em sua composição, que desempenham um papel na prevenção de doenças cardiovasculares. Também apresenta tocoferóis, compostos biológicos que pertencem ao grupo da vitamina E, conhecida por suas propriedades antioxidantes. No entanto, cabe salientar que apenas cerca de 15% da produção nacional de milho se destina ao consumo humano, frequentemente de forma indireta como ingrediente em outros produtos. Isso ocorre principalmente devido à falta de informação sobre o milho e à necessidade de uma maior divulgação de suas qualidades nutricionais.

Diversidade do milho

As festas juninas ou julinas não são o único contexto em que as pessoas apreciam o milho, seja na forma de bolo de fubá, canjica e curau, por exemplo. Ele está presente nas pamonhas anunciadas por alto-falantes de carros nas ruas da cidade, nos ranchos à beira das rodovias, nas espigas cozidas ou assadas vendidas nas praias e nas pipocas dos cinemas. Ademais, o milho, seja na forma de grãos, farinha, xarope ou óleo, também é utilizado na composição de alimentos industrializados.

Existem diferentes tipos de milho, como o grão de pipoca, que estoura devido à sua maior quantidade de água e casca mais resistente em comparação aos demais tipos. O vapor gerado quando o grão é exposto ao calor causa pressão interna, rompendo a casca. Já o amido do milho, quando entra em contato com o ar, solidifica-se e forma a conhecida “espuma branca”. Quando há furos ou rachaduras na casca do milho, os grãos não estouram e são chamados de piruás. Isso acontece porque o vapor escapa e a casca não explode, seja por causa da temperatura ou da quantidade inadequada de água.

Crescimento na produção

Ao longo das décadas, houve um crescimento significativo da produção agrícola brasileira de milho, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Essas regiões respondiam por cerca de 70% da oferta nacional do grão entre 1960 e 2000.

Essa mudança na cadeia produtiva do milho ocorreu devido a vários fatores, como a expansão da agricultura para o cerrado, por exemplo, além da adoção de novas tecnologias pelos produtores, o desenvolvimento de sementes adaptadas às condições climáticas regionais, a aquisição de equipamentos mais eficientes e o uso de técnicas que reduzem as perdas físicas e de qualidade.

As pessoas podem aproveitar o milho sem culpa, pois ele é uma opção saudável e econômica, independentemente de como o consumam.

 

Júlia Paiva é professora de nutrição da Estácio e mestre em ciência e tecnologia de alimentos.


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